NOTA PRETA

Por Mauro Viana

 

Com a ajuda de Deus, Sua Majestade KoloOthmanHamzaMalilo II KizoelaMweneMbonwe, MweneBusong’a, Sultão de MweneMbonwean Sultanato de Ujiji e enclaves Manyema, O Servo de Deus, Guardião dos códigos Ngwana, O Sultão Manyema, O Grão-Mestre da mais estimada ordem real de KisanuDhow, Kilung’a – O unificador, Tata – O pai, MweneKibalo – O cidadão, MweneMu’a – O chefe da cidade, Kilang’a – O Professor, MweneKolo – Sua Majestade o Sultão, SwahibulMaqam – (O espiritual islâmico) Grão-Mestre.

OthmanHamzaMalilo foi “coroado” com o restabelecimento do sultanato em 2017 recebendo o turbante, sinal da autoridade aos 25 anos de idade em uma cerimônia na presença de seus tios, dos chefes dos clãs e anciãos, casado em 2020 o monarca cumpre suas tradições e cultura sendo um exemplo a seu povo.

Sua autoridade não é aplicada no meio político, mas sim tradicional e religioso, sendo o sultão a autoridade religiosa tem em seus deveres e responsabilidades as orações e ensino nas mesquitas e demais práticas religiosas de seu cargo.

Entre seus deveres como governante tradicional estão a mediação de conflitos entre seus súditos, a mediação entre sua população e o poder público em busca de melhorias locais, a promoção e desenvolvimento do sultanato com a busca de incentivos, a promoção e divulgação do sultanato em meio nacional e internacional para tratados e parcerias com entidades, organizações e instituições tendo em vista o desenvolvimento local. Estar a frente de atividades culturais e condecorar aqueles que prestam serviços ao sultanato também está entre suas atribuições.

Estando à frente de um sultanato em uma cidade com cerca de 200 mil habitantes, o sultão é um homem que busca estar informado e atualizado em relação ao mundo sem perder suas raízes. Além dos idiomas locais como Swahili também é fluente em árabe e inglês sendo presidente da Academia Manyema ou na Academia Swahili Kimanyema, uma fundação educacional e cultural do Sultanato.

O objetivo da fundação é reintegrar, preservar, ensinar, promover, coordenar e administrar uma educação derivada do patrimônio e cultura em consonância com uma implementação dos objetivos culturais do Sultanato para os interesses e futuros, oferecendo cursos e estudos acadêmicos em botânica, medicina tradicional, história, idiomas, geografia, artes possuindo inclusive editora própria.

Representante no Brasil, o Professor Eurico Cesar (Rio de Janeiro) e o Teólogo, Yauri de Lima (Vice-Representante -São Paulo) conversaram com o repórter Mauro Viana sobre a História do povo Manyema e sua Federação Tribal, pois, “conhecer a História dos Manyema , é muito importante compreender a História do Sultanato Mwene Mbonwean de Ujiji.

POVO MANYEMA

O povo Manyema é muito importante,pois, Manyema é uma Federação Tribal que congrega, pelo menos, 18 tribos na cidade de Ujiji, região de Kigoma, oeste da Tanzânia. Os Manyema emigraram do leste da RDC( República Democrática do Congo), devido a vários fatores, ao longo dos séculos XIX e XX. A principal causa, no entanto, foi a guerra Árabe-Congo Belga contra as tribos do anel. Dentre essas, 18 tribos são de Bahoma. São originárias da Dinastia Bene Mbonwe. Politicamente, Bahoma era uma monarquia centralizada, que tinha como base, os poderes temporais que possuíam poder de vida e morte sobre seus súditos. O título tradicional de Bahoma Sultans é “Kolo”

GUERRA E MIGRAÇÃO

O Sultão Hamza Kizwela permaneceu suspenso, entre dois territórios de Goma e Ujiji, devido à migração, em massa, das tribos Manyema para a Tanzânia moderna. Motivo: leis de nacionalidade e cidadania. Ele (Hamza Kizwela) era um descendente da Tanzânia do contingente de migração inicial de Goma para Kigoma do Congo.

 

KOLO OTHAN MALILO II

Kolo Othman Malilo II nasceu Lono Hamza Thabit Salum Alghamawi, em 03 de fevereiro de 1992, equivalente a 29 rajab 1413 hijri ano islâmico. Ele é o último nascido do seu pai, e a sua mãe Nakolo Maryam Swedi Tambwe do clã Babungwe da tribo Babembe, herse Se. Ela era princesa de Yungu Chefe da casa Kumba de Kazumbe, sub-clã Kikombe, subclã do clã Bungwe da tribo Bembe. Diz a lenda, que ele nasceu devido à oração do Grande Sheikh de Uweii Qadiri Ordem Sufi de então: Sheikh Mohammed Nassor Al qadiri. Ele el e ele nascera com a mão esquerda presa à testa como em pensamentos profundos.

A cerimônia de coroação do turbante (em vez de diadema cowry shell) aconteceu em 29 de dezembro de 2017. À frente, seus tios e alguns outros membros do seu clã como o próximo Mwene Mbonwe, que marca o início da nova era do Sultanato Mwene de Ujiji.

Nascido no Brasil, o Professor Eurico Césíar faz parte Corte Real da Tanzânia. César é Cavalheiro do Sultanato Mwene Mbonwean de Ujiji.

 

1) Ilustríssimo Senhor Cavalheiro, qual a situação atual do MWENE MBONWEAN SULTANATO DE UJIJI – América Latina e no Brasil?

No Brasil, temos dois representantes oficiais. O membro mais antigo, o senhor Yauri, iniciou atividades de divulgação do sultanato por redes sociais. Ele também estabeleceu contatos com representantes de casas reais brasileiras. No momento, o sultanato está em fase de de reorganização.

 

2) Quais os objetivos do Sultanato no Brasil?

Estabelecer relações com instituições públicas, privadas e ong’s para intercâmbio cultural e educacional. Contatar representantes de grupos culturais tradicionais brasileiros. Promover intercâmbio com representações de outras casas reais subnacionais ou não.

 

3) Quais são seus direitos e deveres como representante ?

Os deveres estão relacionados à difusão do sultanato como como uma instituição que valoriza a cultura, educação e as tradições da Tanzânia e da diáspora africana.

 

4) Qual o assunto mais premente para comunicar a sociedade brasileira?

A figura de um sultão não é ligada diretamente a riquezas financeiras como é muito divulgado no Brasil, antes é um título religioso. que também desempenha funções tradicionais de liderança comunitária. A demonstração da figura do sultão, como alguém que apoia e incentiva o bem estar de sua comunidade, atento às inovações do mundo; trazem um posto de vista diferente em relação ao Islã, por exemplo.

 

5) Quais são as relações diplomáticas entre o Brasil e o Sultanato?

Estão em construção, mas ainda não existem. No cenário, porém, de monarquias tradicionais, na América Latina, há uma profícua afinidade com uma monarquia subnacional Afro-boliviana.

6) Quais são as relações institucionais entre o Sultanato e a o governo da Tanzânia?
Infelizmente, na Tanzânia, as instituições culturais não são constitucionalmente endossadas. Ainda assim, o governo apoia suas atividades culturais já que, ironicamente, a constituição reconhece as culturas sem reconhecer seus governos. A relação entre o Sultanato e o Governo são protocolares. Assim o é com outras autoridades tradicionais na Tanzânia. No caso do sultanato de Ujui. Uma ressalva: devido à diluição da nossa concentração cultural causada por fatores socioeconômicos, nosso sultanato goza de popularidade mediana, na Tanzânia.

 

7) Qual é a corrente do Islamismo do Sultanato?

O Sultanato segue o ramo sunita da Escola Shafi de jurisprudência, com elementos ortodoxos do sufismo sem ordem sufi oficial. A maioria dos Manyemas (grupo étnico pertence ao Sultão. Já o grosso a dos membros do sultanato (adeptos da ordem sufi Qadiri) possui ligações com o islamismo praticado no Sultanato de Omã, no Oriente Médio.

 

8) Quais são os Idiomas do Sultanato?

A língua franca do Sultanato é a língua Swahili, a língua da corte real é a língua Goma do povo Goma (a tribo da dinastia real, em si um dialeto da língua Zyoba), outras línguas usadas são Bembe e Bwari. O inglês é utilizado em relações internacionais.