De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último trimestre do ano passado a taxa de informalidade (emprego sem Carteira assinada) foi de 40,6% da população ocupada. No mesmo período, em nenhum setor a classe trabalhadora obteve crescimento real do seu rendimento. Em contraposição, o custo de vida sobe, alavancado pelo aumento nos preços dos alimentos, sentenciando o povo brasileiro a uma crescente precarização. O que esperar do próximo governo diante desse cenário?

Conforme o IBGE, entre setembro e novembro de 2021 a informalidade atingiu 38,6 milhões de trabalhadoras e trabalhadores no Brasil. Além disso, não houve crescimento real dos salários em nenhum setor. Pelo contrário, em muitos deles houve redução, a exemplo da indústria (6,1%), da administração pública, saúde humana e serviços sociais (7,1%) e dos serviços domésticos (2,3%).

Nação de indigentes

Em contraposição, o custo de vida aumentou já no primeiro mês deste ano (2022), impulsionado pela alta nos preços dos alimentos. Os aumentos maiores atingiram produtos como as carnes (1,15%), o café (6,50%) e as frutas (7,10%). De acordo com o IBGE, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram aumento de preços segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15). Além dos alimentos, o aluguel residencial e o gás encanado também sofreram aumentos significativos, 1,55% e 8,40%o, respectivamente, assim como saúde e cuidado pessoal, cuja alta foi de 0,93%.

Esses aumentos certamente significam impactos fortes no orçamento da maior parte da população brasileira, composta por pessoas com com baixos recursos financeiros. Como vemos, a situação da população pobre tem estado cada dia mais difícil. Além da informalidade ser alarmante, a taxa de desemprego está em 11,6%, o equivalente a 64,8 milhões de pessoas.

Para quem acreditou no argumento de que a Reforma Trabalhista iria criar mais postos de trabalho e melhorar a vida da população, os números do desemprego, da informalidade, os reajustes do salário mínimo sem ganho real, assim como os aumentos progressivos do custo de vida têm mostrado exatamente o contrário. Nesse cenário, é imprescindível que um novo projeto político se estabeleça no Brasil, sob pena de o país se tornar, em pouquíssimo tempo, uma nação de indigentes.

Além da Reforma Trabalhista haver provocado estragos incomensuráveis à população trabalhadora, destroçando as conquistas históricas até então garantidas, a Reforma da Previdência veio para completar o cenário de perdas de direitos, como a redução nos valores dos benefícios dos/das contribuintes e aumento do tempo de contribuição.

Campeão da desigualdade

Nas próximas eleições, não dá para referendar qualquer proposta de governo que não contemple a anulação das Reformas Trabalhista e da Previdência, assim como a reversão da PEC 241/2016 (a conhecida PEC da Morte) que congela por 20 anos os investimentos em setores-chave, como Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia, entre outros.

Qualquer candidatura que faça “vistas grossas” a essas questões não pode ser considerada pela população eleitora, sob pena de nos transformarmos em uma sociedade formada, majoritariamente, por pessoas desprovidas das mínimas condições de manter uma vida digna.

É indignante que enquanto a maioria da população viva em dificuldades e/ou na miséria, os mais ricos não parem de ver crescer suas fortunas, conforme estudo do Credit Suisse publicado no ano passado, que apontou que 50% da riqueza do Brasil está concentrada nas mãos de apenas 1% da população. Uma concentração absurda que faz desse país o campeão mundial de desigualdade, com a pior das concentrações de renda do Planeta.

Do governo atual sabemos que não é possível esperar nada que não sejam medidas para piorar ainda mais situação na qual o país se encontra. Por isso, é preciso que nos organizemos, nos mobilizemos para exigir das candidaturas que se apresentem como alternativas à atual gestão que sejam firme no compromisso de buscar a reversão  dessas perversidades que têm tirado a dignidade de milhões de brasileiras e brasileiros.