Conforme o Ministro da Fazenda Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro pode ter passado dos limites nas palavras mas não nas ações, em resposta aos questionamentos dos investidores estrangeiros acerca do que ocorreu no Brasil do último dia 7. De acordo com ele, como “seres humanos, cometemos erros, às vezes ultrapassamos limites, mas o importante é que temos instituições evoluindo”.

Guedes, um dos fundadores do banco BTG Pactual, especializado em administração de fundos de investimento, de ações e de fundos governamentais nos mercados de gestão de patrimônios e gestão de ativos globais é peça-chave do (des)governo Bolsonaro, e, portanto, precisa acalmar  os “investidores” (leia-se capitalistas ávidos por multiplicar seus ganhos). Por isso, não poderia dizer outra coisa. É lógico e compreensível que o ministro-banqueiro represente os interesses dos setores privilegiados de dentro e de fora do país, principalmente bancos e sistema financeiro de um modo geral.

É preciso acalmar os ânimos, dado que o “mercado”, aquele ente invisível que controla o mundo, entrou em pânico com os ensaios fascistas do tenente presidente (que virou capitão após ser reformado) que berrou em Brasília e em São Paulo insinuando falso golpe contra a democraia brasileira. O ministro-banqueiro precisa atuar como “apagador de incêndios”, posto que tem a missão de entregar o Brasil, “de bandeja”, ao capital nacional e estrangeiro (mais ao segundo que ao primeiro).

E as pressões não são poucas, pois esse é o projeto da elite nacional. Mas é preciso compreender que o presidente da República, com suas aparições desastrosas se configura como um mero desvio de foco, enquanto o verdadeiro mentor da tragédia brasileira chama-se Paulo Guedes, que, como sabemos, tem como meta “alugar o Brasil”, não importando se isso acarretará em mais pobreza e miséria.

E por falar em pobreza e miséria, os dados do estudo “Pobreza e Prosperidade Compartilhada”, realizado pelo Banco Mundial e divulgado no final do ano passado colocou o Brasil no mapa dos novos pobres do mundo. Infelizmente, temos que amargar mais esse desastre.

Por pouco a classe trabalhadora não sofreu mais um golpe, com a aprovação da MP 1045, a nova Reforma Trabalhista, aprovada pela Câmara dos Deputados, mas barrada no Senado. Essa MP pretendia suprimir direitos trabalhistas, entre eles o registro em Carteira de Trabalho, entre outros. Felizmente, os neoliberais ainda não conseguiram avançar, mas, por certo, não desistirão. Daí a importância da luta organizada da classe trabalhadora.

E enquanto nos concentramos nos espetáculos bizarros do tenente presidente (que virou capitão após ser reformado) e não nos focamos em sua remoção do poder, sobretudo a partir de pressões fortes advindas da sociedade civil organizada e dos partidos políticos, a maioria da população amargará décadas de miséria e escassez, enquanto os setores privilegiados, principalmente os banqueiros, continuarão a desfrutar dos seus exorbitantes lucros; e, possivelmente, continuarão pressionando seus representantes na esfera governamental para retirar até a última fração de recurso do Estado brasileiro direcionado a satisfazer as necessidades básicas da classe trabalhadora, como saúde, educação, saneamento, emprego e renda.

A causa é urgente. Não podemos esperar.