Nunca fui mulherzinha. Sou experiente, não levo desaforos pra casa. Se gritam comigo, falo mais alto. Se quero alguma coisa, vou atrás. Em criança, chamavam-me de moleca, mulher-macho. Mais que nada! Gosto de homens. Principalmente dos fortes, que sabem segurar uma mulher. Conheci um há muito tempo. Alto, sem frescuras, largadão, sandálias nos pés. Sempre de bermuda. A gente se entendeu muito bem. Futebol, cerveja, churrasco, cama. Ríamos de tudo. Éramos parceiros em tudo. Ficamos assim, repartindo a vida por quase trinta anos! O idiota morreu e me deixou aqui.

 

Tem problema não. Sou de encarar, não de fugir. Resolvo tudo com meia dúzia de palavrões: tristeza, saudade, solidão, desesperança… Não tem tempo ruim.

 

Estou meio preocupada, ultimamente quase só falo palavrões. Tenho até me esquecido das outras palavras…

 

Dane-se! A vida continua. Esse negócio de sofrimento não combina comigo. Não sou mulherzinha! Porra!