OLHARES

 

 

Por Eduardo Alves

 

 

O desafio no soluço aqui manifestado é olhar pistas no passado que possam contribuir para pensar e atuar no presente e alterar a estrada para o futuro. O deslocamento aqui sentido com o soluço carrega para o século III antes de Cristo e para outros blocos em Israel e no Egito. A frase desafiadora é “respeito à vida e à natureza com a intenção de tornar o mundo um lugar melhor para os que virão”. E a dedicação para tornar o mundo melhor para as pessoas e todos seres vivos que virão, assim como para os seres vivos que estão, bate com força no pensamento e dos desafios do hoje. Ser carregado aos ESSÊNIOS, por sua vez, traz energia para aprender sobre o que passou, o que se passa e o que ocorrerá por nós ou atropelando todos nós. 

A organização do conhecimento é um movimento do trabalho criativo que, neste mundo, em boa parte das vezes, cansa e tem preço caro. Para uma qualificada abordagem sobre a contribuição dos Essênios para a vida é necessário, ao menos, saber que existiram os manuscritos do MAR MORTO. Confessável é que não se precisa saber que foram descobertos pelo acaso no fazer de Beduínos. Mas, no pensamento que nos envolve e nos desafios do hoje, percebe-se que conhecer que foram vendidos por 250 mil dólares para o governo Israelense e que foram objetos da disputa de poder na GUERRA DOS SEIS DIAS, pode contribuir nas reflexões aqui apresentadas.  

Afinal, trata-se de um coletivo de pessoas que foram perseguidas por dinastias e impérios, e se sustentavam na união, comunidade, se alimentavam de frutas, legumes, verduras e se banhavam, crendo em uma purificação espiritual. Um coletivo de pessoas que não se dedicavam a guerra, não eram amantes da violência e cultivavam a colaboração como sustentação da vida. Humanistas, veganos, amantes da vida? Pode-se ficar com liberdade de conceituar pelo termo que quiser, assim como foram classificados de essênios. A organização e conduta absolutamente distinta da que predominava chamava atenção em todos os aspectos humanos em defesa da vida.  

Não por menos, as religiões Estatizadas e as instituições religiosas poderosas investiram em ocultar o conhecimento dos essênios, suas cronologias, documentos e relações com saberes antepassados, por meio da violência ou por meio do dinheiro. Depois de 2015, quando já havia 45 anos que pesquisadores da Universidade de Kentucky decifraram versículos do Livro de Levítico, ficou ainda mais quente a polêmica se João Baptista e Jesus se relacionaram ou até foram essenianos. Mas, com polêmicas à parte, destaca aqui o elemento fundamental em que um grupo social no qual a inteligência, a colaboração, a união, o companheirismo, incomodasse tanto os poderosos ao ponto de serem dizimados.

A organização diferenciada da predominantemente, imposta já há muito, incomodava os “donos do poder”.  Eram tais ações, em todas as versões, levando-se em conta o conhecimento e as condições dos sujeitos coletivos, que faziam existir a representação do confronto ao poder. 

Os essênios foram, nesse sentido, um símbolo de inteligência coletiva e de enfrentamento com a organização do poder de sua época. Não eram produtores da guerra, se isolaram e sobreviveram coletivamente buscando organizações para manter as necessidades materiais e espirituais. E assim o fizeram em uma compreensão de que alterar a natureza, trabalhar e transformar a natureza em uma gira criativa, os fazia membros da natureza que, portanto, não poderia ser destruída, ao contrário, toda transformação para sustentar seus corpos e satisfazer suas necessidades, se dava como membros da natureza que a modificação não pode seguir como destruição.  

Nos dias atuais tal ensinamento ancestral é um desafio para a superação das condições que são impostas para a grande maioria das pessoas. E, arrisca-se aqui, que hoje incomoda ainda mais as possibilidades de criar coletivos que possam predominar na sociedade civil uma relação entre sapiens como membros da natureza. Coletivos que com inteligência coletiva motivada se organizam e acumulam forças para que a transformação da natureza seja satisfatória para a satisfação material e espiritual dos seres vivos. E que venham das grandes rodas de conhecimento e ações para a transformação do que predomina no mundo atual. Nesse mundo no qual predomina a exploração, a morte e a diminuição do tempo de vida para a maioria das pessoas, com os coletivos organizando o conhecimento acumulado em um mix crítico e avançando para novos conhecimentos e ações para o BEM VIVER acumulam em organização, acolhimento, construção progressiva da inteligência coletiva em favor da vida em todas as suas dimensões, construir a dignidade humana.