Por Rebecca Diers — SUNY Cortland

Antes de ir para a faculdade, nunca tive contato com a antropologia em todos os meus anos de educação anteriores. Quando comecei a fazer cursos nesta área, fiquei chocada com o fato de que essa disciplina não era tão difundida. Embora a antropologia, por definição, seja o estudo das sociedades, culturas humanas e de seu desenvolvimento, na verdade, é muito mais do que isso. A antropologia ensina os indivíduos a terem mais consciência do mundo, em vez de se contentarem com a ignorância. Ensina o respeito por todas as culturas e pessoas, e as maneiras pelas quais nós, humanos, falhamos em outras gerações. Isso ensina aceitação. Ensina humanidade. E ensina os indivíduos a buscarem a verdade e expandirem sua visão de mundo. Essa fonte de esclarecimento é o motivo pelo qual a antropologia precisa ser mais implementada no sistema educacional — para que mais pessoas possam desenvolver uma mente antropológica e tornar o mundo um lugar mais receptivo.

É fundamental para os antropólogos que fazem trabalho de campo desenvolverem uma “mente antropológica”. É quando você leva em consideração os pontos de vista e a realidade das outras pessoas, em vez de ver a vida delas através de suas próprias lentes. Este é um conceito de que mais pessoas devem estar cientes e aprender a implementar em suas próprias vidas. Muitas têm uma visão etnocêntrica do mundo e julgam os costumes, culturas e estilo de vida de outras pessoas com base nos seus próprios. Isso é o que cria uma divisão entre os indivíduos. Quanto mais pessoas forem capazes de desenvolver esta “mente antropológica”, mais elas se aceitarão umas às outras, porque perceberão que nem todas as realidades são iguais, mas essas diferenças são o que, em última análise, tornam-nos semelhantes uns aos outros.

Um dos principais aspectos ensinados nos cursos de antropologia é o fato de todos serem igualmente humanos. As pessoas no mundo hoje parecem presas à ideia de diferentes “raças”, e que algumas pessoas têm mais direito a certas coisas do que outras. O que muitas pessoas não percebem é que as “raças” não existem. “Raça” foi um conceito desenvolvido pelos europeus para justificar o colonialismo. Pelo fato de que ainda estão presas a essas ideias coloniais construídas para afirmar o domínio sobre certos grupos, é que surgem situações de preconceito e discriminação. Educando-se e familiarizando-se com essas realidades, é assim que a mudança neste mundo poderá acontecer.

Isso é especialmente importante no caso de pais que tentam criar um mundo melhor para seus filhos. As crianças não nascem com os conceitos de “raça”, “discriminação” e outros termos já conhecidos que separam os humanos uns dos outros. Quando veem seus pais e outros adultos falando de certa maneira ou realizando certas ações, pensam que é a norma e que também deveriam fazer o mesmo. Uma educação antropológica mais ampla para adultos e crianças seria o catalisador para a mudança. A partir do momento que mais adultos — especialmente os pais — desenvolverem uma mente antropológica, essas ideias serão transmitidas naturalmente aos filhos e criarão um ciclo que, talvez, eliminaria todas as ideias de divisões entre as pessoas.

Tenho muitas esperanças para o futuro da antropologia. Em especial, acho que as novas gerações de estudantes desejam mudar e tornar o mundo um lugar melhor. A fim de aumentar suas chances de sucesso em tornar o mundo um lugar mais inclusivo e com maior aceitação cultural, acho que a antropologia precisa ser mais difundida no sistema educacional. Há muitas pessoas com quem conversei nos últimos anos que nem mesmo sabem o que é antropologia. Expor mais pessoas a essa disciplina é o primeiro passo para melhorar sua visão de mundo e quebrar seus preconceitos e equívocos sobre certas culturas e grupos. Aqueles que entendem de antropologia também devem fazer todos os esforços para divulgar conceitos antropológicos às pessoas com quem convivem, e não se esquivar de tentar educá-las quanto a suas visões ignorantes. Quanto mais pessoas desenvolverem uma mente antropológica, mais receptivo o mundo se tornará.


Traduzido do inglês por Luciana Leal / Revisado por Graça Pinheiro

Rebecca Diers está estagiando na Pressenza como parte de sua especialização em Escrita Profissional na SUNY Cortland. Sua outra especialização em Antropologia alimenta sua paixão por compreender diferentes culturas e fazer conexões com as pessoas. Ela usa a escrita como uma forma de dar sentido ao mundo e inspirar um senso de humanidade em seu público.