Enquanto aguardamos o veredito sobre a audiência de extradição de Julian Assange, a luta por sua libertação continua.

Com frequência, chega ao nosso conhecimento que os protestos não são bem sucedidos e que essa resistência não traz resultados. Com a liberdade de imprensa em jogo, as apostas estão muito altas para aceitar tal pessimismo.

As audiências de extradição de Julian Assange, ocorridas em Londres, finalmente chegaram ao fim após uma semana inteira de julgamento, com sentença a ser definida em janeiro de 2021. Durante as audiências de Assange, a Internacional Progressiva sediou o tribunal de Belmarsh de modo a levar os Estados Unidos a julgamento por crimes cometidos contra a humanidade.

O tribunal de Belmarsh

O tribunal de Belmarsh foi inspirado no tribunal de Russell-Sartre de 1966, “em que representantes de 18 países se reuniram para responsabilizar os Estados Unidos pelos crimes de guerra no Vietnã, na ausência de uma autoridade internacional que ousasse fazê-lo.” Tariq Ali, presente no tribunal de Belmarsh, é conhecido por seu testemunho perante o tribunal de Russell, em que aborda o envolvimento dos Estados Unidos no Vietnã.

Perante o tribunal, reunimo-nos para impedir que Julian passe 175 anos em uma prisão americana. Queremos defender o direito de publicar a política governamental feita às escuras e o direito de expor a corrupção. Nossas vozes incluíam políticos, jornalistas, filósofos, advogados de direitos humanos e muitos apoiadores corajosos que se juntaram em frente ao tribunal de Old Bailey:

“Vamos ser claros: Julian Assange nunca deveria ter sido acusado de um crime, a menos que seja crime expor crimes de guerra.”
— Roger Waters, ativista, cofundador da banda Pink Floyd.

“Devemos virar o jogo e fazer daqueles que tentam perseguir Julian os réus a responderem por seus crimes.”
— Yanis Varoufakis, cofundador do DiEM25.

“O julgamento em Old Bailey é uma farsa: uma paródia para dar aparência de que a justiça, ao incriminar um homem que removeu o véu que encobria crimes de guerra, segredos e corrupção, está sendo feita.”
— Alicia Castro, diplomata argentina e embaixadora do Reino Unido, 2012-2016.

“Descobrimos que em troca de apoio financeiro, o meu sucessor, Lenin Moreno, concordou em entregar Julian Assange aos Estados Unidos.”
— Rafael Correa, ex-presidente do Equador.

“A insistência do mundo ocidental, principalmente os Estados Unidos e seu fantoche britânico, em impor uma narrativa e evitar que outras fontes desafiem essa narrativa. Essa é a verdadeira guerra contra Julian Assange!”
— Tariq Ali, ativista, historiador, jornalista e cineasta.

“A mídia, que tanto apoiou as revelações da Wikileaks, está ausente agora no que se refere defender o jornalista que era sua fonte de informação.”
— Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista do Reino Unido.

“Julian nos mostrou que há um Dark Side of the Moon (lado obscuro da lua) e que a pior falta de liberdade é viver uma falsa liberdade.”
— Slavoj Žižek, filósofo e membro do Painel Consultivo do DiEM25.

“Já citei tópicos da Wikileaks no Tribunal de Justiça Internacional, por isso é impressionante pensar que a pessoa responsável por nos ajudar a liderar esses esforços esteja presa.”
— Jennifer Robinson, advogada de direitos humanos.

Porque Belmarsh?

Belmarsh é a prisão onde Julian está detido. O dia 11 de outubro marcou 18 meses de cadeia, designada a terroristas. Embora Belmarsh tenha melhorado desde que foi considerada a “Guantánamo da Grã-Bretanha“, a detenção de Julian Assange é exagerada e claramente destinada a torturar o fundador do Wikileaks.

O caso contra Julian Assange.

Não se engane: Assange está sendo perseguido porque a Wikileaks publica material que os governos não querem que seja visto. O governo dos Estados Unidos não fez nenhuma alusão sobre o caso, acusando-o sob Espionage Act (Lei de Segurança Nacional/Lei Federal nº 7.170/1983). A Lei indicia uma editora de incriminar jornalistas, a administração Obama tomou a decisão após ter julgado as acusações contra Assange.

Não devemos esquecer o processo injusto ocorrido concomitantemente ao próprio caso. Questões técnicas impediram que os representantes de Assange fossem ouvidos, e a imprensa foi, muitas vezes, barrada de transmitir via vídeo. Relatamos esses e outros problemas na cobertura do julgamento.

Como mencionado, o veredito sobre a extradição de Assange foi estabelecido para 04 de janeiro de 2021 — embora seja visto apenas como o início da saga, considerando-se a probabilidade do recurso de apelação. Enquanto os advogados de acusação e defesa preparam argumentos conclusivos, que serão escritos e não entregues oralmente em novembro. Assange permanece em Belmarsh, e há preocupações crescentes em relação à automutilação e até mesmo suicídio.

Resistência sem fim!

Enquanto Julian permanecer em Belmarsh, o tribunal de Belmarsh resistirá à extradição. Se Julian for extraditado, nós resistiremos e faremos o possível para encerrar o caso. Se ele for considerado culpado nos EUA, resistiremos à prisão.

Não se trata apenas de Julian Assange, mas sobre a livre expressão e o direito de denunciantes de expor a corrupção.

Não devemos, não podemos desistir desta luta.

Assine a petição contra a extradição de Julian Assange.


Traduzido do inglês por Rubia Gomes / Revisado por Larissa Dufner

O artigo original pode ser visto aquí