CRÔNICA

 

 

A máscara caiu e nos revelou a verdadeira face da secretária nacional de Cultura do governo Bolsonaro. A eterna namoradinha do Brasil, alçada ao principal posto da cultura brasileira e, tão acostumada com câmeras, luzes e ação, desafinou, errou o texto ensaiado e improvisou muito mal, usando o chilique como arma e um caco muito usado por canastrões apaixonados por práticas pouco republicanas e próximas ao fascismo. Sim, a secretária nacional de cultura do Brasil, Regina Duarte, numa entrevista a rede CNN  saiu definitivamente do papel de mocinha e incorporou a megera ao vivo nas telas da TV.

E a atuação nos fez perceber claramente que o ovo do fascismo está sendo chocado até dentro do ninho de nossa maior riqueza, nossa cultura e, que abaixo da linha do Equador a idade média sobrevive na sua paixão costumeira aos genocidas.

Enquanto o país perde Aldir Blanc, um dos seus mais emblemáticos compositores e, tantos outros artistas, vitimas da Covid-19, a viúva Porcina, entoou o hino da alienação e do mau caratismo em rede nacional: “ choram Marias e Clarices no solo do Brasil”.

Choram todos, menos os sucateiros da democracia. Regina, devedora da lei Rouanet, por falta de prestação de contas foi convocada pelo Sinhozinho Malta de Brasília para encenar  mais um capitulo dessa tragédia brasileira que começou a ser vivida no duro golpe de 2015, quando os palhaços, unidos em uma conspiração, destituíram Dilma Roussef da presidência da república: “um grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo”.

Debaixo da lona, desse grande Circo, que se tornou o Brasil, um incêndio  de grandes proporções avança. As labaredas estão a queimar as instituições democráticas, empresas e vidas, muitas vidas -vidas de negros, de índios e de pobres – os pilares da nossa cultura popular.

A secretaria, que andava sumida, desde que assumiu o controle da pasta, deu as caras dá pior maneira possível e, tentou, mais uma vez, enganar a população e sua própria classe profissional com uma personagem muito mal construída, o que gerou uma repercussão extremamente negativa nas redes sociais. Artistas de vários segmentos cobraram ações efetivas da secretaria de cultura para socorrer a categoria, enquanto avançam as politicas sanitárias de isolamento social e, escasseiam  as produções culturais no país e, multiplicam-se as mortes.

Alienadamente, a viúva Porcina, revelou o seu perfil mais mórbido ao defender o golpe de 1964 e reiterar o discurso de que a morte e a vida caminham lado a lado, mesmo quando essa primeira entra em cena com escopetas, baionetas e bombas de gás. Definitivamente, não é o pum do palhaço  que nos incomoda, por mais grotesco que ele possa parecer, mas, a distorção da realidade, encenada por Regina Duarte num programa jornalistico criado pra esclarecer a população e servi-la como um canal aberto com os profissionais da área.

Ao ser pressionada pela colega de profissão, a atriz Maitê Proença, que, inicialmente, havia lhe dado apoio, Regina perdeu as estribeiras e acusou a emissora e os jornalistas de estarem “desenterrando mortos”. Assim mesmo, como os fascistas que se recusam a ouvir o que não os convêm.

O roteiro seguido pela secretaria nacional de cultura na CNN não poderia ser mais desastroso, assim como sua atuação à frente da cultura brasileira. Não é de se esperar de agentes públicos nenhum milagre em meio a uma pandemia, mas, podemos e devemos sim, cobrar desses agentes, postura pública e a sensibilidade que o momento exige. E Regina é desprovida dos dois. E essa carência abala a nossa confiança no futuro e nos causa revolta. A corda está se esticando cada vez mais com os sinais que veem de Brasília. A cada dia, no picadeiro chamado Brasil uma cena grotesca invade os lares amedrontados pela ameaça da morte causada pelo virus, mas também pela ameaça constante à nossa democracia e a nossa cultura.

O Brasil, esse continente que fervilha manifestações culturais de diversas matizes se encontra nesse momento no calabouço da ignorância de seus governantes e, mirando um futuro próximo já  nos é possível ver a morte de muitas dessas manifestações. Nossa alma cultural, esculpida na diversidade de vários povos está sendo ameaçada  pela falta de politicas públicas sérias e comprometidas por um governo que se disfarça de rei, mas que na realidade não passa de um bobo.

Cadê Regina? Regina não está e nem é! Regina é a apenas o reflexo de uma mocinha tonta que se encantou por um vilão. E como disse, o senhor das palavras, o poeta Aldir:

–Bandolim, você sabe o disfarce entre o rei e o bobo,
A comédia da arte – o todo, a parte
e um dia, na hora do fim, diz juntinho de mim
Bandolim timtim por tristeza
o elan da beleza que há na corda arrebentada
Bandolim, recorda
bandolim, diz que não
diz que sim, discorda.

E, para nossa sorte vamos continuar assim, vivos, discordando, sem Regina, sem Porcina, sem o palhaço ,o seu pum tóxico e sem outros males que hão de vir. Sempre nessa corda bamba…meio bêbado, meio equilibrista.