‘Desta vez, trata-se de uma neta cujo pai sobreviveu à ditadura e tem irmãos’, disse o grupo, que se dedica a identificar todas as crianças desaparecidas em sequestros pela ditadura militar argentina

As Avós da Praça de Maio, grupo argentino que luta para encontrar parentes que desapareceram nas mãos dos militares durante a ditadura do país (1976-1983), anunciou nesta terça-feira (09/04) que encontrou a neta de número 129.

A neta, de acordo com o portal argentino InfoBae, foi encontrada na Espanha e exames de DNA confirmaram o parentesco com o pai e o irmão, que a procuravam “intensamente”, segundo as avós.
“Desta vez, trata-se de uma neta cujo pai sobreviveu à ditadura e tem irmãos”, disse o grupo. Mais detalhes sobre a neta serão dados em uma entrevista coletiva à imprensa, conduzida pela presidente do grupo, Estela de Carlotto, na tarde desta terça.

O último neto, o 128, havia sido encontrado em agosto do ano passado.

A Associação Civil Avós da Praça de Maio é uma organização não governamental, que tem por intuito localizar e retornar às famílias legítimas todas as crianças desaparecidas em sequestros pela ditadura. A ideia é, também, criar as condições para prevenir que esses crimes voltem a ocorrer, exigindo punição aos responsáveis.

De acordo com estimativas da ONG, durante o regime militar, as autoridades se apropriaram de pelo menos 500 bebês, muitos deles nascidos em centros de torturas, hospitais militares e delegacias.

Brasil

No Brasil, o autor Eduardo Reina descobriu casos de crianças que foram sequestradas na ditadura (1964-1985). As descobertas foram reveladas em seu novo livro Cativeiro sem fim.

O livro-reportagem reuniu histórias que até então eram desconhecidas sobre crianças que foram sequestradas de seus pais biológicos, militantes políticos e camponeses, e entregues a famílias de militares ou de pessoas ligadas aos órgãos de repressão do Estado.

Segundo Reina, a história dos sequestros das crianças “é um segredo dentro do segredo da ditadura militar no Brasil”. “Esse assunto foi escondido por todos os entes envolvidos, desde militares e governo federal, até polícia e afins”, diz.

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