Ela – mulher, negra, lésbica e periférica – ocupou os lugares de poder destinados a uma pequena elite formada por homens brancos. Deu voz aos historicamente excluídos e aos marginalizados com uma breve porém extremamente impactante carreira política.

Marielle Franco era socióloga, mestre em políticas públicas. Era mãe. Era potência, esperança de um novo amanhã. De um novo projeto de sociedade, no qual as pessoas seriam respeitadas, independente de suas diferenças. Ela foi assassinada na noite de 14 de março de 2018, logo depois de ter participado de um evento chamado: “Jovens Negras Movendo Estruturas”.

Em um Estado Democrático de Direito, não se pode admitir um crime hediondo desta magnitude. Marielle e Anderson – motorista do carro atacado – não foram vítimas de um mero crime movido por um lobo solitário, como muitos querem insinuar.

Ato em São Paulo- imagens por Luiz Carolina
Ato em São Paulo - imagens por Luiz Carolina
Ato em São Paulo - imagens por Luiz Carolina
Ato no Rio de Janeiro
Ato no Rio de Janeiro
Ato no Rio de Janeiro
Ato no Rio de Janeiro
Ato em São Paulo

(Atos no Rio de Janeiro e em São Paulo)

Ao mesmo tempo soam macabras as relações de seus algozes com o clã Bolsonaro, cujos membros são notórios defensores da legalização das milícias no Rio de Janeiro. Os milicianos controlam boa parte do território fluminense e atuam de modo ilegal na distribuição de gás, TV a cabo e inclusive no tráfico de drogas e armas, disputando territórios com as facções cariocas.

Marielle fazia parte do núcleo político ligado a Marcelo Freixo (PSOL/RJ), deputado que foi vital no processo de criação da CPI das milícias, que indiciou centenas de policiais civis, militares e bombeiros da ativa e aposentados para investigação. Freixo era figura marcada pelos milicianos, e vivia (vive!) sob escolta armada, dadas as constantes e massivas ameaças de morte.

(Ato na embaixada do Brasil no Chile organizado pelo movimento Autonomista e Humanista)

As últimas investigações se aproximam do desfecho de uma triste página da História da débil democracia brasileira. Tentaram calar a voz desta gigantesca mulher. Falharam.

Agora a pergunta persiste: quem mandou matar Marielle Franco?

Imagem de capa e fotos de São Paulo por Luiz Carolina