Banco Central do país diz que medida foi tomada por risco de impacto na inflação doméstica; em um ano, peso sofreu desvalorização de quase 100% frente ao dólar

O Banco Central da Argentina (BCRA) decidiu nesta quinta-feira (30/08) elevar a taxa básica de juros de 45% para 60% ao ano para tentar segurar a alta do dólar no país e os efeitos na inflação. A medida veio após a moeda norte-americana começar a ser vendida a 40 pesos em casas de câmbio, um valor recorde.

Na quarta (29/08), o dólar havia encerrado o dia em $ 34,4. Após o aumento de juros, o preço da divisa refluiu brevemente. No entanto,  os mercados de câmbio encerraram as operações com o dólar a $ 40, mesmo com o BCRA queimando US$ 330 milhões em reservas com o objetivo de interromper a alta.

Em comunicado, o BCRA argumentou que o aumento dos juros foi feito “em resposta à conjuntura cambial atual e diante do risco de que implique em um maior impacto na inflação doméstica”.

Essa foi a quarta vez que a entidade aumenta a taxa de juros do país desde junho. Na data, o BCRA havia decido por um aumento de 3 pontos percentuais, que se repetiram no mês julho e no começo de agosto.

O BCRA ainda declarou que, “para garantir que as condições monetárias mantenham seu viés contratativo, o COPOM (Comitê de Política Monetária) se compromete a não diminuir o novo valor da sua taxa de política monetária ao menos até o mês de dezembro”.

Para o ex-investigador chefe do BCRA Jorge Carrera a subida do dólar está ligada “a falta de um plano econômico integral. O governo não definiu se quer deixar o dólar flutuar ou quer manter a paridade em algum ponto”.

Ao jornal argentino Página 12, o economista disse que “se deixam que o dólar suba até que o mercado encontre um nível de equilíbrio, é necessário armar todo um instrumental para compensar o impacto redistributivo”.

As medidas se tornaram mais um episódio da crise econômica que atravessa o governo do presidente Mauricio Macri.

Segundo dados do próprio BCRA, o dólar se valorizou quase 100% em um ano. No fim de agosto de 2017, a moeda norte-americana estava a 17.66 pesos.

Panorama de crise 

A expectativa do governo, no início do ano, era de uma taxa de inflação de 15% em 2018. No entanto, o índice subiu a 20% no meio do semestre e, recentemente, a previsão chegou a 30%.

As baixas na economia levaram Macri ao Fundo Monetário Internacional, a quem o mandatário solicitou um empréstimo para equilibrar as contas nacionais. O acordo foi firmado em US$ 50 bilhões – pagos em parcelas até 2020.

O governo já conta com US$ 15 bilhões do montante acordado, mas pediu novo adiantamento de US$ 3 bilhões para setembro diante de nova queda na atividade econômica em junho, registrada em 6,7%. Em meio ao cenário de incerteza, a projeção de crescimento passou de 3% para um encolhimento de ao menos 1% ao final de 2018.

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