Nós, cidadãos peruanos e diversos ativistas dos direitos humanos residentes no Brasil, viemos por meio desta carta para manifestar nosso repúdio ao indulto concedido ao ex-ditador Alberto Fujimori pelo Presidente do Perú Pedro Pablo Kuczynski no dia 24 de dezembro de 2017, na véspera de natal.

Os crimes que cometeu Alberto Fujimori, crimes de lesa humanidade, não podem ficar impunes nem serem esquecidos. Eles não podem ser apagados com um indulto presidencial porque corremos o risco de que esta fatídica história se repita ou se replique em outros países.

Estamos num momento delicado para as democracias latinoamericanas e um sinal como este pode ser entendido como um passe livre para um perdão para todos os criminosos das ditaduras militares fascistas que ocorreram na América Latina.

Lembrar é um ato de resistência e de responsabilidade para com os nossos povos, para o futuro que queremos forjar e para um mundo mais justo e digno.

Assim, a impunidade não será aceita e é nosso dever recordar que durante o governo de Alberto Fujimori (1990 -2000) se cometeram diversos crimes, dentre eles:

– Lesões graves e desaparecimento forçado nos massacres de Barrios Altos (1991), onde morreram 15 pessoas que participavam de uma festa, e da Universidade La Cantuta (1992), cujas vítimas foram um professor e nove alunos.

– Desaparecimento forçado e torturas praticadas nos porões do Serviço de Inteligência do Exército (SIE) a agentes do organismo, crimes denunciados desde 1997.

– Desvio de dinheiro público, atentado contra a fé pública e formação de quadrilha por pagar US$ 15 milhões a Montesinos por seus dez anos de serviço ao Governo de Fujimori. Após receber o pagamento, o ex-assessor fugiu para o Panamá.

– Formação de quadrilha e corrupção ativa por pagamentos a parlamentares de outros partidos para apoiarem a reeleição no ano 2000, como foi comprovado em uma série de vídeos gravados pelo próprio Montesinos. Ocultação de provas, usurpação de funções e abuso de autoridade por ordenar a invasão ilegal da residência de Montesinos para apreensão de vídeos e documentos incriminatórios.

– Violação do sigilo das comunicações, desvio de fundos públicos e formação de quadrilha por espionagem telefônica de dezenas de políticos, empresários, jornalistas e funcionários ordenado por Montesinos.

– Crime contra a administração pública, usurpação de funções e desvio de fundos públicos pela compra da linha editorial de diversos meios de comunicação.

– Esterilização forçada de 314.605 mulheres indígenas e campesinas durante o Programa Nacional de Planejamento Familiar.

– Desvio de fundos por Chavimochic.

– Massacre de Pativilca.

Tais crimes se enquadravam em uma prática sistemática e generalizada de violação aos direitos humanos contra os que Fujimori considerava seus opositores, esta prática generalizada se expressava na institucionalização da tortura e das desaparições forçadas. Tudo isto demonstra que existia uma política institucionalizada que teria partido de pequenos grupos dentro do governo, como o grupo Colina, que era um comando de aniquilamento vinculado diretamente à Presidência da Republica, ou seja a Fujimori. Por tanto não eram fatos isolados.

Para finalizar queremos dizer que os crimes aos Direitos Humanos ameaçam todos os seres humanos, independente do país e a nacionalidade de quem os cometeu e, por tanto, como eles sejam tratados e resolvidos é de interesse de toda a comunidade internacional.

Por isto e mais: o indulto é um insulto!
Exigimos Memória e Reparação!
Fujimori Nunca Mais!
Ditadura Nunca Mais!

Comité Fujimori Nunca Mais

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Não Ao indulto! Fujimori Nunca Mais!

Ato de repúdio ao indulto

Quinta-feira 28 de dezembro das 18h ás 20h
Vão do MASP, São Paulo, Brasil.

Vista camiseta preto e leve uma vela.

Confirme presença no facebook: https://www.facebook.com/events/2052301558334021