Está em marcha um novo Plano Condor midiático-judicial na América Latina como um instrumento de dominação corporativa.

Organizações de mídia e grupos sociais participantes do Fórum de Comunicação para a Integração da Nuestramérica advertem os povos da região sobre a estratégia concertada que de representantes do poder econômico, conglomerados de mídia monopolistas e uma facção servil do poder judiciário, com o objetivo de proibir lideranças populares em futuras eleições.

O objetivo impedir que os processos de mudanças, iniciados na nossa região na década anterior, possam ser retomados ou aprofundados. Além disso, aponta para o descrédito da política como um instrumento para a transformação social, promovendo a desestruturação da organização popular e, ainda, reproduzir a tese neoliberal do Consenso de Washington, segundo a qual o Estado é o ator inconveniente para o desenvolvimento da economia e daí, da “vida pública”.

O ex-presidente brasileiro Lula, condenado pelo juiz-mediático Sérgio Moro sem a apresentação de provas concretas, é um exemplo da perseguição sistemática que pretende subjugar os líderes populares que ameaçam o totalitarismo corporativo em curso.

Medida que se encaixa perfeitamente na lógica de adoção de leis e medidas antipopulares aplicadas pelo governo golpista que derrubou a presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff, através de uma farsa parlamentar. Tal processo se completaria com a provável saída do presidente golpista, Michel Temer, inclusive com a sua condenação, ainda que sob o manto do cumprimento da lei. Sua saída deixaria o caminho aberto para um novo presidente “limpo” – supostamente apolítico – apoiado pela comunidade empresarial e promovido pelo grupo midiático hegemônico.

Neste mesmo sentido deve ser entendido o veto antecipado da Justiça Eleitoral uruguaia à candidatura de Fernando Lugo ou os processos na Argentina contra Cristina Fernandez de Kirchner.

Da mesma forma, um jurista próximo ao principal grupo de mídia colombiano afirma que Gustavo Petro não pode concorrer para a eleição presidencial de 2018 em razão de supostas dívidas e um processo envolvendo responsabilidade fiscal. No Uruguai, jornalistas fazem o trabalho sujo divulgando notícias que tentam ligar o ex-presidente Mujica com antigos ataques terroristas.

E o que dizer da barreira promovida pela mídia global, que desde Chávez não suportava a revolução bolivariana e que, atualmente, produzem notícias para todos os meios e agências de notícias da grande mídia, mostrando apenas a versão da oposição e condenando a priori qualquer medida ou proposta encaminhada pelo governo eleito legítimo de Nicolás Maduro?

O ataque é configurado do mesmo modo contra vice-presidentes e ministros em uma cadeia de responsabilidades que lembram práticas fascistas.

Do mesmo modo, os líderes dos movimentos populares e jornalistas verdadeiramente independentes são mortos, presos ou intimidados na Colômbia, Argentina, México, Honduras, Paraguai, Brasil e várias outras partes da região.
Assim, se silencia a expressão crítica, blindando as políticas públicas ditadas pelos mesmos setores de poder concentrado. Setores que buscam o realinhamento geopolítico da região com um mapa imperialista decrépito e decadente.

Como comunicadores e ativistas do campo popular, rejeitamos e nos opomos ativamente a este novo Plano Condor midiático-judicial. Convocamos as organizações democráticas a se mobilizarem em defesa das maiorias populares, do aprofundamento da integração regional de caráter soberano e a se colocar inequivocamente contra os projetos reacionários que ameaçam o nosso livre direito de escolher a direção que queremos para as nossas sociedades

FORUM DE COMUNICAÇÃO PARA A INTEGRAÇÃO DE NOSSA AMÉRICA
2017/07/12
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traduzido por Renata Mielli – Jornalista
Coordenadora Geral do FNDC – Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
Secretaria Geral do Barão de Itararé