Por Sputnik Brasil

Geneviève Chérubin, professora e pedagoga, dá aulas de francês em São Paulo e criou um financiamento coletivo para construir uma escola no sudoeste do Haiti, onde trabalhou após o terremoto de 2010 que devastou o país.

Há quase dois anos, a professora e pedagoga Geneviève Chérubin, de 34 anos, deixou o Haiti e veio morar no Brasil com o objetivo de aprender português e conseguir uma oportunidade de trabalho. Após se estabelecer no Brasil, ela quer construir uma escola em seu país e está fazendo uma vaquinha na internet para realizar seu sonho.

No financiamento coletivo para a “École no Haiti”, a haitiana pretende arrecadar R$ 55 mil. Com o dinheiro, ela quer comprar um terreno e construir uma escola na comunidade de Bernard Gousse, no estado de Pestel, no sudoeste do Haiti. Lá ela deu aulas para as crianças como voluntária por quatro anos, depois do terremoto que atingiu o país em 2010, matando 220 mil pessoas, e que também foi afetada pelo furacão Matthew, em 2016.

O Haiti é considerado o país mais pobre das Américas e um dos mais pobres do mundo, ocupando 168º posição entre 187 países no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) calculado pelo PNUD (Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas).

Geneviève Chérubin – ou Gene, como é conhecida – hoje dá aulas de francês em São Paulo, em um grupo de apoio a refugiados e imigrantes, o Abraço Cultural. No entanto, a professora conta que a vida não foi muito fácil ao chegar a São Paulo e ter que se virar sozinha. Na época, Gene dividia um apartamento com outros três haitianos. Com a ajuda que recebeu da Missão Paz, uma ONG que acolhe migrantes, imigrantes e refugiados, aprendeu o português em um mês. Em seguida recebeu o apoio do Abraço Cultural, onde começou a dar aulas de francês.

 

“Como para todas as pessoas que chegam a um país estrangeiro, não foi fácil, mas eu me mantive positiva, sem desistir. Eu comecei a aprender o português na Missão da Paz e depois comecei a procurar trabalho, o que não foi fácil, mas eu encontrei uma oportunidade no Abraço Cultural e comecei a dar aulas, palestras e também aulas de culinária haitiana”, diz a professora em entrevista ao Sputnik Brasil.

Gene queria dar seguimento ao seu trabalho de voluntariado e teve a ideia do financiamento coletivo. A professora acredita que a criação da escola vai trazer uma nova esperança para a população da região haitiana.

“Eu pensei: por que não criar uma escola e continuar esse trabalho que eu fiz lá no Haiti para ajudar essas pessoas a ficarem mais independentes?”

Com o apoio de jovens brasileiros, Gene espera proporcionar um futuro e inspirar os haitianos que desejam deixar o país após as tragédias do terremoto e do furacão a reconstruírem suas vidas em suas cidades. A ideia é desenvolver cada vez mais parcerias entre Brasil e Haiti para melhorar a situação de seu país.

“Eu quero criar essa relação entre brasileiros e haitianos. Eu acho que esses jovens lá vão fazer a coisa de outro jeito. Foi por isso que eu comecei a fazer essa campanha. Minha vida vai ser no Brasil, mas eu quero ampliar essa relação entre o Brasil e o Haiti.”

Além da escola, Gene quer, junto com voluntários brasileiros, incentivar e investir na agricultura local e resgatar pelo ensino sua língua materna, o crioulo haitiano.

Gene durante trabalho voluntário no Haiti. Divulgação Abraço Cultural.

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