Na sexta-feira (08), durante o VII Fórum Social Mundial das Migrações, a Equipe de Base Warmis organizou uma roda de conversa realizada pelo coletivo MIAU para debater a Descolonização do Corpo, integrando teoria e prática.

Facilitada pela professora e feminista chilena Ingrid Bahamonde e pela instrutora de yoga e também feminista chilena Daniela Rojo Robles, a atividade abordou a apropriação do corpo diante de uma sociedade patriarcal, na qual as mulheres são as principais vítimas de violência ligada a gêneros.

“É preciso compreender que o corpo é um instrumento político”, com esta frase Ingrid Bahamonde iniciou a roda de conversas. A professora, formada em filosofia, também mostrou aos participantes como as imposições sociais afetam e colonizam os corpos fragilizando o ser humano, por exemplo, determinando o que se pode fazer com o próprio corpo ou não.

Imposição histórica sobre o corpo

A violência contra o corpo não chegou à América com os colonizadores. “Antes dos colonizadores chegarem nestas terras (América), já havia sociedades, como os Astecas, que eram opressoras, possuindo uma pirâmide hierárquica, patriarcado e sacrifícios”, afirma Daniela.

O patriarcado que subjuga o feminino, na verdade, é mais antigo que o conceito de sociedade. O filósofo alemão da escola de Frankfurt, Erich Fromm, afirmava que desde o período rupestre há uma expansão do pensamento patriarcal, principalmente relacionado à religiosidade onde surge um Deus que pune os filhos maus e recompensa os bons, substituindo a divindade da Terra que acolhia a todos em um amor incondicional. Para Daniela: “O corpo da mulher é colonizado em todas as sociedades”.

O Jogo dos Conceitos

No final do encontro, os participantes se dividiram em grupos para realizar um jogo. Cada grupo devia pegar um retrato de um homem ou uma mulher e escrever no retrato: o que a sociedade espera de cada gênero?
Os grupos anotaram nos retratos que a sociedade espera que a mulher seja submissa, magra, saiba realizar serviços domésticos, tenha cabelos longos, não possua pelos, esteja disposta a ser mãe, não pense muito, não possua opinião própria, seja sempre jovem e que compreenda o seu lugar no universo acadêmico e de trabalho.

Já o homem, segundo os participantes, também possui estereótipos pré-estabelecidos. A sociedade espera que o homem seja fisicamente forte, tenha pelos em abundância, seja alto, seja pouco sensível, que não saiba chorar, seja bem-sucedido financeiramente e agressivo.

Diante das respostas levantadas pelos grupos evidenciando como o corpo humano é colonizado na sociedade, Ingrid Bahamonde afirma que: “é necessário reagir”.

Texto: Leandro Sena Lara

Foto: Leandro Sena Lara