Alunos querem eleições diretas para gestor escolar, o fim da prova estadual de rendimento e melhorias na infraestrutura. Outra ocupação, há dez dias, terminou com alunos feridos pela Tropa de Choque.

por Cida de Oliveira, da RBA | publicado 31/05/2016

São Paulo – Apesar das viaturas e integrantes da Tropa de Choque da Polícia Militar posicionados do lado de fora da Secretaria de Estado da Educação do Rio de Janeiro (Seeduc) desde a tarde de hoje (31), o clima no interior da ocupação é relativamente tranquilo. Segundo estudantes, que voltaram a ocupar o prédio ontem à tarde, a intenção é de resistir.

“Não vamos sair porque tem patrulhas e policias lá fora. É claro que a presença dos policiais deixa a gente tenso”, disse o estudante Felipe Gomes, de 18 anos, que participou da ocupação da Seeduc no último dia 20, encerrada na madrugada seguinte com violência dos policiais. Alunos foram feridos e alguns deles retirados do interior do prédio desacordados. “A truculência só aumentou a nossa força de lutar.”

Apesar de pautas específicas em cada escola, os estudantes fluminenses querem eleição para escolha de gestores escolares, já que segundo eles há muita perseguição ao movimento estudantil, investimentos em infraestrutura escolar, na merenda e o fim da avaliação estadual de rendimento escolar, o Saerj. Segundo eles, a prova é um instrumento que o estado usa para incentivar, com mais recursos, as unidades com maior nota – e não as mais carentes de recursos.

De acordo com Felipe, a reocupação começou com mais uma tentativa de diálogo com o governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB). “Pedimos ontem uma reunião com o novo secretário, Wagner Victer, que não quis atender a gente. Ele se trancou na sala e tempos depois foi embora com outros funcionários, sem receber a gente. Quem vai resolver a situação das nossas escolas?”, questionou.

O estudante, que critica a postura intransigente do governo, avalia que a repercussão da primeira ocupação da Seeduc despertou a simpatia da sociedade à causa. Ele diz que há agora mais apoiadores, mais ativistas para passar a noite na ocupação e mais suprimentos, como alimentos.

Outra diferença, segundo ele, é uma reunião do secretário com representantes do Ministério Público estadual e da Defensoria Pública, no próprio prédio, hoje à tarde. A expectativa é que a mediação leve a um compromisso do secretário. “Não queremos mais enrolação, promessas, e sim a concretização das ações, a publicação no Diário Oficial, as melhorias”, disse.

O titular da 2ª Promotoria de Tutela Coletiva de Proteção à Educação da Capital, promotor de Justiça Emiliano Brunet, esteve hoje com os estudantes que ocupam a Seeduc. Mais cedo, esteve com representantes da Casa Civil e de Educação do Estado para discutir as reivindicações dos estudantes. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério Público, Emiliano voltou a defender que o diálogo é a melhor forma de se resolver a questão, e que qualquer proposta oferecida pelo estado para conseguir a desocupação deve ser debatida com os estudantes.

A presidenta do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro, Maria de Fátima da Silva, também critica a falta de diálogo do governo estadual. “Os alunos não são marginais para serem reprimidos pela polícia como tem acontecido. É legítima e constitucional a reivindicação por melhorias na educação pública. Na verdade, são eles que estão ensinando a gente como lutar pelos nossos direitos”, disse.

A Secretaria da Educação ainda não se pronunciou.

Fonte: Rede Brasil Atual

O artigo original pode ser visto aquí