Dilma Rousseff foi re-eleita presidente nas eleições mais disputadas da história brasileira. Uma candidatura que conseguiu unificar o apoio de movimentos sociais, partidos de esquerda, ex-militantes, acadêmicos e celebridades, a primeira mulher eleita presidente vai governar até 2018.

A eleição dividiu o país com uma pequena diferença entre os candidatos e uma clara divisão entre os estados mais ricos apoiando o candidato derrotado e os mais pobres votando na candidata do PT.

A campanha foi marcada pela forte manipulação dos grandes meios de comunicação, que chegaram a ser chamados de “propaganda paga” do candidato derrotado pelo Supremo Tribunal Federal. Mesmo a justiça manifestou fortes tendências de influir no processo eleitoral.

Nenhuma das candidaturas propôs nenhuma mudança no capitalismo, o que vai garantir os altos lucros dos bancos e grandes grupos econômicos. No entanto, o governo de Dilma tem fortalecido o papel do Estado na promoção de diversos programas sociais voltados à redução ou proteção diante da pobreza, especialmente mantendo baixo o desemprego. Mas será preciso avançar mais no segundo mandato.

As ondas de protesto conhecidas como Jornadas de Junho, do ano passado, não produziram uma nova forma de participar do jogo político (tanto pelo curto tempo quanto pela fortíssima repressão). Mesmo assim, consideramos que há uma intenção profunda nas novas gerações por mais direitos, mais oportunidades e mais participação efetiva nos rumos da sociedade. Também vale destacar que, mesmo com voto obrigatório, quase 30% do eleitorado se colocou fora do jogo (votando em branco, nulo ou se abstendo)

O novo governo terá um duplo desafio. Por um lado será contrapeso de um Congresso recém eleito que apresenta características mais conservadores. Por outro terá que dar resposta às mudanças profundas que as novas gerações apenas começaram a expressar. Mudanças numa direção que podemos chamar de humanista, que coloquem o ser humano e suas necessidades e aspirações por cima do dinheiro, do mercado, até mesmo dos velhos poderes estabelecidos. A pressão das ruas é a única força que poderá fazer o governo avançar para uma nova etapa.