Bogotá, 28 ago (Prensa Latina) A greve nacional na Colômbia cumpriu ontem seu décimo dia no meio de uma crescente convulsão social que se nega a sair das estradas até que o Governo dialogue com todos os camponeses e setores em protesto no país.
Enquanto alguns pensavam que a instalação de uma mesa em Tunja com os produtores de Boyacá, Nariño e Cundinamarca frearia um pouco a tensão social que agita o país, as marchas, panelaços e bloqueio de vias continuam marcando este protesto, qualificado como inédito e histórico para muitos colombianos por sua magnitude.

Com seis horas de atraso, no fim da tarde de ontem começou a esperada reunião na capital boyacense, depois de um acordo do presidente Juan Manuel Santos com o setor produtor de batatas nessa cidade, que ficou totalmente isolada desde o começo das manifestações.

Mas o resto dos agricultores de outros 16 departamentos (estados colombianos) continuam exigindo de maneira urgente uma grande mesa de acordo nacional para expor suas reivindicações.

Ainda que na segunda-feira passada o presidente tenha prometido uma espécie de pacto de não agressão, esse acordo não foi cumprido ontem, uma jornada de dura repressão em várias cidades como Nariño, onde a força pública arremeteu contra um grupo de manifestantes que protestavam de maneira pacífica na via Panamericana, segundo meios de difusão locais.

Em Bogotá a greve se sentiu forte. Milhares de jovens andaram pela avenida Séptima até a Praça Bolívar carregando cartazes e batendo panelas em apoio à mobilização.

Enquanto isto acontecia, bem perto da capital, em Facatativá, foi decretado o toque de recolher devido aos duros enfrentamentos entre os manifestantes, o Esquadrão Móvel Anti-distúrbios e o Exército que tentam desbloquear de qualquer maneira as vias com gás lacrimogêneo, balas de borrachas e jatos de água.

A greve foi realizada em várias regiões da Colômbia e também nas redes sociais como Facebook e Twitter, onde o povo se expressa em massa e pede para parar com as políticas econômicas neoliberais e os Tratados de Livre Comércio que estão acabando com a vida do campesinato.

Como anunciou o presidente do Senado, Juan Fernando Cristo, hoje é esperado que se conforme a comissão do Congresso para ajudar nos diálogos com os setores de greve.

A rebeldia social tomará maior força amanhã com a convocação de outra grande mobilização à qual se somarão a Mesa Ampla Nacional Estudantil (MANE), a Federação Colombiana de Trabalhadores da Educação (Fecode) e a União Sindical Operária da Indústria do Petróleo (USO).

“Que pare a repressão, que pare o abuso, este povo ateu não acredita em Santos, respeito o camponês e a semente livre”, gritam os manifestantes.