Os países em desenvolvimento são o destino de 80% do lixo electrônico produzido nas nações ricas, mas carecem da infraestrutura, de tecnologias de reciclagem apropriadas e da regulamentação legal para absorver essa vasta quantidade de detritos.

Esta é uma das conclusões de um relatório divulgado nesta sexta-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Segundo o documento O Impacto Global do Lixo Electrônico: Lidando com o Desafio, boa parte do lixo electrônico exportado para as nações em desenvolvimento é enviado ilegalmente, e estes detritos acabam indo parar em locais de reciclagem informais, predominantemente em países como China, Índia, Gana e Nigéria.

Especificamente em relação à América Latina, o documento afirma que a maior parte dos países da região ”ainda precisa elaborar uma legislação para o lixo electrônico”.

O documento afirma que houve avanços recentes na região, como na Costa Rica, o primeiro país latino-americano a criar uma legislação nacional específica sobre o tema.

Ônus

De acordo com o estudo, ”as nações em desenvolvimento estão a ter de lidar com o ônus de um problema global, sem ter a tecnologia para lidar com isso. Além disso, os países em desenvolvimento estão eles próprios cada vez a gerar maiores quantidades de lixo electrônico’.

O estudo afirma que está a haver um aumento rápido na geração de lixo electrônico doméstico produzido na China, no Leste Europeu e na América Latina.

Um total de 40 bilhões de toneladas de lixo electrônico é produzido anualmente. Estima-se que 70% dos produtos electrônicos descartados e exportados todos os anos vá parar na China e que esta proporção estaria a aumentar.

Muitas vezes, esse lixo exportado para a China é reexportado para outros países do Sudoeste asiático, como Cambodja e Vietnam.

De um modo geral, as exportações de pequeno porte são destinadas a países da África Ocidental. Mas o relatório diz que essa proporção deverá crescer, devido à adopção de leis mais duras por parte dos países do Sudeste Asiático, que costumavam absorver parte desse comércio.

Entre os principais problemas ligados ao lixo electrônico, de acordo com o relatório, estão a ausência de regulamentações para assegurar a segurança dos que lidam com esses produtos descartados e a falta de incentivos financeiros para reciclar detritos electrônicos de forma responsável.

A manipulação desses detritos traz vários riscos à saúde pela presença de materiais tóxicos.

Entre as recomendações feitas no documento da OIT, está a adopção de legislações apropriadas por parte dos países em desenvolvimento, a regularização do sector informal de reciclagem e a organização de trabalhadores que lidam com detritos electrônicos em cooperativas.