Assunção, 29 dez (Prensa Latina) A assinatura pelo governo paraguaio do primeiro acordo público com a multinacional Rio Tinto Alcán encheu de justificativas oficiais e de protestos populares na semana que termina neste país.

O documento inicial subscrito e o único divulgado sobre as intensas negociações entre as duas partes acusadas de um raro secretismo pela oposição veio a confirmar alegados repetidos pelas organizações sociais e obrigou ao Executivo a pôr em andamento uma grande campanha publicitária.

O presidente Federico Franco concedeu mais entrevistas que nunca aos meios de comunicação para assegurar desde os supostos benefícios da instalação da planta produtora de alumínio até o apontamento do governo anterior como iniciador das tratativas.

No entanto, o entendimento publicado colocou em evidência para aqueles que se opõem à tão debatida operação vários pontos importantes e alimentaram o desenvolvimento de mais protestos públicos e outras análises de especialistas.

Em primeiro lugar, aceitou-se que o terreno para a instalação da conflituosa planta será cedido pelo Estado paraguaio, em um lugar próximo a rios com água abundante e com acessos convenientes.

Envolvido no argumento de preço diferenciado, o próprio Franco confirmou que a grande quantidade de energia que a Rio Tinto precisará lhe custaria à multinacional entre 30 e 60 dólares megawatt/hora, um amplo leque de preço se se leva em conta o custo de produção de 60 dólares.

O governo teve que confessar que a anunciada grande quantidade de novos empregos que a planta eletrointensiva iria gerar não se ajustava à realidade e insistiu, por sua vez, no possível logro de constituir um parque industrial ao redor do lugar, mas sem elementos concretos sobre sua materialização.

Também o publicado permitiu comprovar a inexistência de qualquer estudo meio ambiental prévio sobre o projeto, algo reclamado insistentemente pelas entidades sociais.

Neste ponto as críticas aumentaram depois de se saber que a Rio Tinto recebeu quatro multas impostas por autoridades do Canadá, precisamente do país sede do escritório central da multinacional, por jogar em rios e terrenos substâncias perigosas inclusive para pessoas.

Definitivamente, os fatos dos últimos dias, incluindo a divulgação do denominado pré-acordo, só serviram para que o amplo setor oposto à chegada da Rio Tinto ao território nacional anunciasse o aumento de suas ações de repudio no ano que vem chegando.