Celebramos este Dia Internacional da Não Violência prestando homenagem a Silo. Este “livre pensador latinoamericano”, como gostava de ser definido, foi uma das figuras mais extradordinárias que a humanidade já produziu. Autor de dezenas de livros, sempre bem humorado, criou e impulsionou o maior movimento de voluntários a nível mundial. Neste momento, o leitor deve se perguntar como pode não ter ouvido falar dele.

Isto se deve a vários fatores. Avesso à auto promoção, diversas vezes evita o contato com a imprensa que sempre manipulava suas palavras ou deliberadamente ignorava qualquer ação que tivesse relação com ele. Lutador incansável contra a violência percebeu, desde o início de suas concorridas falas públicas, que o próprio sistema em que vivemos é a origem de toda a violência e que sua superação é possível mediante a intenção transformadora, transformação pessoal e social simultâneas, além da infrutífera dialética. Falando ao coração das pessoas que percebiam algo diferente e verdadeiro no seu exemplo e em suas palavras, os “donos do poder” viram que era melhor trancafiá-lo ou silenciá-lo nos seus meios de comunicação. Felizmente o “poder” que eles têm é muito menor do que as pessoas imaginam e as palavras do Mestre da Não Violência se espalharam pelo mundo.

Pessoas do mundo inteiro escutam Silo na inauguração do Parque de Estudos e Reflexão La Reja em Buenos Aires

[/media-credit] Pessoas do mundo inteiro escutam Silo na inauguração do Parque de Estudos e Reflexão La Reja em Buenos Aires

Durante a sangrenta ditadura na Argentina foi preso 17 vezes, apesar de nunca ter pregado nem a revolução armada nem qualquer outra forma de violência. Já nos distantes anos sessenta, pronuncia uma histórica arenga “A Cura do Sofrimento” incentivando todos a procurar a verdadeira sabedoria em sua própria consciência, evitando toda a violência e elevando suas aspirações pessoais. Valentemente se posiciona não somente contra violência mas também contra as drogas “não há falsas portas para sair da violência” e concentra toda sua doutrina na superação do sofrimento pessoal e social.

Seu primeiro livro foi o “Olhar Interior”, traduzido para dezenas de idiomas, onde convida o leitor a buscar sua própria experiência enquanto compartilha suas experiências e descobrimentos com o cuidado de não impor verdades ou dogmas. Anos mais tarde este livro é incluído na trilogia Humanizar a Terra, junto com dois outros livros: Paisagem Interna e Paisagem Humana. Mais recentemente, o mesmo Olhar Interior é incluído dentro do que chamou simplesmente de Mensagem de Silo, uma nova espiritualidade que também inclui oito experiências sociais e o caminho, um guia para reflexão que termina dizendo ” Não imagines que estás acorrentado a este tempo e a este espaço.  Não imagines que em tua morte se eterniza a solidão”.

Esta capacidade comunicação direta, de deixar sínteses que traduzem as necessidades humanas mais profundas, de promover a re-orientação da vida das pessoas incentivando-as a buscar as respostas em si mesmas é o mínimo que se pode captar do que atualmente se chama “Humanismo Universalista” ou simplesmente “Novo Humanismo”, uma corrente de pensamento e ação inspirada nas obras, no exemplo e nos movimentos que impulsionou. Vale ressaltar que todas as açõs, inclusive os recentes Parques, nunca foram feitos com dinheiro de governos ou empresas, ele mesmo sendo um voluntário junto com outros dois ou três milhões de “siloístas”, “humanistas” ou “mensageiros” atuantes no mundo.

Uma vida extremamente ativa não pode ser resumida num pequeno artigo, para isto pode-se consultar o site http://www.silo.net, contendo seus escritos e vídeos. Sobre a Escola que fundou e que está ativa em mais de 40 Parques de Estudo e Reflexão ao redor do mundo, pode se captar algo disponível nos sites desses parques com as produções de monografias e escritos diversos dos Mestres que ele formou.

Gracias, Silo.