Esse cenário, impensável sete dias atrás, marcará a competição cujos resultados se apresentam adversos para o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), da situação, muito desgastado pelos cortes de verbas sociais e trabalhistas decretados no último ano para reduzir o déficit fiscal.

A votação, que será celebrada 13 das 17 comunidades autônomas da nação ibérica, exceto em Andaluzia, Catalunha, Galícia e no País Basco, é visto como uma espécie de prova, diante das eleições gerais de março de 2012.

Servirá também de termômetro para medir o impacto sobre o eleitorado das impopulares reformas empreendidas pelo Executivo de José Luis Rodríguez Zapatero, que mantêm a economia estancada e um desemprego que beira os cinco milhões de pessoas.

Uma pesquisa do Centro de Investigações Sociológicas (CIS), divulgada há 15 dias, prognosticou a derrota do PSOE nas regiões de Castilla-La Mancha e Extremadura, dois de seus tradicionais bastiões.

Astúrias, Aragão e as Ilhas Canárias seriam as três únicas regiões nas quais os socialistas conseguiriam ser o partido mais votado mas, mesmo assim, teriam que pactuar para poder governar e poderiam perder as Ilhas Baleares, segundo precisou a sondagem.

Caso os vaticínios do CIS (dependente do Ministério da Presidência) se confirmem, o partido da situação veria perigar também sua hegemonia nas emblemáticas prefeituras de Sevilla (Andaluzia) e Barcelona (Catalunha). A própria pesquisa mostra que a direita, encarnada pelo Partido Popular (PP), fortaleceria sua posição nas comunidades de Madri e Valencia, governadas respectivamente por Esperanza Aguirre e Francisco Camps, enquanto manteria seu feudo de Castela e León.

O principal partido da oposição também revalidaria governo em Múrcia, La Rioja e nas cidades autônomas de Ceuta e Melilla, preservando também as prefeituras de Madri e Valencia.

Liderado por Mariano Rajoy, o PP antecipou que se os resultados eleitorais marquem uma forte derrota do PSOE, o partido solicitará o adiantamento das eleições gerais do próximo ano.

A Izquierda Unida afirmou que, na consulta, os espanhóis emitirão um voto-castigo contra os dois agrupamentos majoritários.

Para a terceira força política, em votos, deste país europeu, estas eleições representarão uma oportunidade de regeneração frente ao que considera como a degradação, a impotência e a corrupção da política.

Precisamente, as manifestações que no domingo desembocaram em uma vigília no centro de Madri e de outras cidades, converteram-se em um espaço no qual dezenas de milhares de pessoas, em sua maioria jovens, expressam seu asco diante do crescente desemprego e da situação política e econômica.

Ainda que os resultados desta votação não sejam sempre um indicador do que ocorrerá nas eleições gerais, as pesquisas mostram o Partido Popular com uma vantagem de pelo menos 10 pontos sobre os socialistas para 2012.