Estudantes de diversas escolas ocupadas do DF reafirmam uma luta para além da qualidade de ensino.

O Centro Educacional GISNO, situado na asa norte do plano piloto de Brasília, recebeu na manhã desta quarta (2/11) os estudantes das escolas ocupadas do Distrito Federal para apresentar a situação das ocupações e os impactos da decisão do MEC sobre o processo ENEM. Para os representantes o momento é propício para reafirmar uma escola pública de qualidade, livre e sem qualquer tipo de preconceito como racismo e lgbtfobia.

Ana Flávia, estudante de 16 anos do Centro Educacional Elefante Branco (CEDEB), afirma: “A gente está lutando. A nossas escolas estão ocupadas, estamos em greve contra a PEC 241, PEC 55, contra a Reforma do Ensino Médio, sabemos a necessidade de uma reforma no ensino, mas não desse jeito, uma reforma autoritária, que desrespeita os estudantes, que tira nossos direitos, que nos ataca. Somos os principais agentes desse processo e todos precisam nos ouvir.”

Os estudantes aproveitaram para denunciar o movimento contrário a desocupação que tem atacado as escolas ocupadas. Mesmo sofrendo ameaças, os estudantes reafirmam a luta pela educação que eles acreditam. “Somos chamados de vagabundos diariamente. É uma pressão psicológica muito forte para adolescente, muitos tem 15 anos, com diretor indo contra, com professor indo contra. A gente só está lutando pela educação. A gente só quer melhoria para nossas escolas”, destaca Marcelo, estudante do CED GISNO.

Fred, estudante de 17 anos do Centro Educacional do Oeste (CEMSO), complementou: “A gente está contra também a lei da mordaça, da Escola Sem Partido. Essa é a lei do partido único, do partido da ignorância, da alienação dos estudantes. Por que se você não debate, se você não conversa sobre as coisas, como é que a gente vai ter consciência? Como é que a gente vai questionar? A gente tem que ter nossa formação para entender como o mundo funciona. Querem que a gente saia do Ensino Médio sem nenhum consciência de vida pública.”

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Foto Mídia NINJA

Marcelo aproveitou a oportunidade para compartilhar a experiência da ocupação e o desejo por um futuro de transformações. “Tem pessoas que estão limpando a escola , cuidando com da escola, outras pessoas estão elaborando aulas. A gente quer a melhoria, a gente também quer entrar na universidade, mas a gente quer que mais gente entre na universidade. A gente quer uma escola para ter gosto. A gente quer uma escola livre. Livre do racismo, da homofobia, da violência. Gostaria de registrar aqui que estamos na luta pela Educação.”

O adiamento das provas do ENEM para os dias 3 e 4 de dezembro é avaliado pelos estudantes como uma ameaça do governo. “Tem muitas pessoas que vão fazer o ENEM. Tem muitas pessoas do 3º anos, mas também tem muitas pessoas do 2º e 1º anos que não farão o exame e isso não irá comprometer a ocupação. Sobre as escolas-sede do ENEM, acreditamos que isso vem como uma ameaça, é colocar os estudantes contra os estudantes.”

Mesmo com os desafios colocados, a estudante Ana Flávia destaca a importância desse momento histórico. “Não é isso que vai nos barrar. Nós temos um ideal maior que isso. Nós estamos unidos na luta para continuar. Nós estamos em luta pelo Brasil e o Brasil vai ser transformado pela educação”, conclui.

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