Enquanto o presidente Obama encerra suas funções no próximo dia 20 de Janeiro, nós promovemos, juntamente com outras organizações, uma mobilização mundial para reivindicar o perdão presidencial a este denunciante.

Junho de 2013, Edward Snowden partilha com jornalistas documentos que trazem à tona o escândalo da vigilância em massa. Acumulados enquanto trabalhava para a Agência de Segurança Nacional (NSA), esses documentos revelaram a amplitude da vigilância eletrônica conduzida pelos governos britânico e americano, que espionavam as atividades de milhões de pessoas, na Internet e em telefones, nos quatro cantos do mundo.

 

A herança de Edward Snowden

Enquanto as autoridades americanas insistem que Edward Snowden é um traidor, suas revelações permitiram a mudança de práticas no mais alto nível estadual. Por conseguinte, o presidente Obama emitiu uma diretiva solicitando às agências de inteligência de modificar suas práticas de vigilância. Em 2015, o Congresso americano limitou os poderes do governo em relação à vigilância, pela primeira vez em quase 40 anos, após um tribunal federal de apelações ter julgado ilegal o volume de informações que a NSA dispunha sobre quase todas as chamadas telefônicas nacionais.

Essas revelações também permitiram uma mobilização mundial da população civil, principalmente por meio da criação de um movimento global em defesa da vida privada na era digital.

Exilado na Rússia desde 2013, numa situação precária e incerta, Edward Snowden corre o risco de ser condenado a dezenas de anos na prisão por espionagem, sob uma lei de 1917, lei que não lhe permite defender as razões que o levaram a compartilhar esses documentos da NSA. Julgá-lo como espião, ao passo que ele denunciou a espionagem ilegal de milhões de pessoas sem seu consentimento, é uma triste ironia.

Reivindique o perdão de Edward Snowden, demande a Barack Obama! Assine (link): https://www.amnesty.fr/Nos-campagnes/Liberte-expression/Actions/Barack-Obama-doit-gracier-ESnowden-19115

 

Barack Obama, perdoe Edward Snowden

Ao contrário, Edward Snowden deve ser reconhecido como um defensor dos direitos humanos e os denunciantes devem ser protegidos para que parem de ser perseguidos sob leis iníquas. Condenar Edward Snowden à prisão ou a um exílio forçado por muitos anos ainda, enviaria uma mensagem demasiado negativa a todos aqueles que são testemunhas de violações dos direitos humanos e que desejam denunciá-las.

Nós não devemos parar de demandar ao governo americano para retirarem as acusações contra Edward Snowden ou para que lhe permitam pleitear, se for julgado, que agiu pelo interesse coletivo. Hoje, enquanto o presidente Obama se apressa a deixar a Casa Branca, ele detém o poder de perdoar Snowden até seu último dia, 20 de Janeiro que vem.

Lançando uma petição mundial, nós poderemos interpela-lo diretamente e solicitar o reconhecimento da herança de Snowden pela proteção das nossas liberdades. Barack Obama tem de terminar seu mandato do lado bom da História.

 

Traduzido por Jaqueline Villagra Costa (original em Francês)

 

Sobre o autor

A Anistia Internacional é um movimento mundial e independente que reúne pessoas que trabalham pelo respeito, a defesa e a promoção dos direitos humanos. A visão da Anistia Internacional é a de um mundo onde cada um pode valer-se de todos os direitos enunciados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e em outros textos internacionais relativos aos direitos humanso. www.amnesty.org