Instituto revela que, apesar de redução de arsenais, países não pretendem se livrar de armas nucleares. Estados Unidos e Rússia, que concentram 93% do poder bélico nuclear mundial, investem pesado em modernização.

Apesar de estarem reduzindo lentamente seus arsenais, as duas maiores potências nucleares, Estados Unidos e Rússia, estão investindo pesado na modernização desse tipo de armamento, afirmou nesta segunda-feira (13/06) o Instituto de Estudos da Paz em Estocolmo (Sipri).

De acordo com o relatório anual da instituição, em um ano Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, Índia, China, Paquistão, Israel e Coreia do Norte reduziram seus arsenais nucleares de 15.850 para 15.395 ogivas.

“Os inventários de armamento nuclear global têm diminuído desde que atingiram o pico de quase 70 mil ogivas nucleares em meados da década de 1980. O declínio se deve, principalmente, aos cortes feitos pela Rússia e Estados Unidos”, afirmaram os pesquisadores Shannon Kile e Hans Kristensen no relatório.

O instituto especializado em segurança global, controle bélico e desarmamento ressalta, porém, que os dois países estão modernizando extensivamente seus programas nucleares. A Rússia, com 7.290 ogivas, e os Estados Unidos, com 7.000, detêm 93% das armas nucleares existentes no mundo.

Futuro pessimista

O relatório mostrou ainda que países como China, Índia e Paquistão também investem ou pretendem investir na modernização de seus programas. “Nenhum país que possui armas nucleares está preparado para desistir do arsenal em um futuro próximo”, ressalta.

O instituto afirma ainda que Índia e Paquistão, vizinhos rivais, estão aumentando seus arsenais. Nova Déli está reforçando seu programa de mísseis balísticos e acelerando a produção de plutônio, enquanto Islamabad desenvolve armas nucleares para campos de batalha. O relatório alerta que o Paquistão pode ampliar seu poder bélico nuclear significativamente na próxima década.

Israel, que não confirma, mas também não nega possuir armas nucleares, está testando mísseis balísticos de longa-distância para esse tipo de armamento, diz o relatório. O relatório também ressalta que não há evidências de que a Coreia do Norte possua armas nucleares, embora os pesquisadores estimem que o país possa ter dez ogivas.

Apesar da redução de arsenais, resultado de três tratados assinados desde 1991 e de reduções unilaterais das duas maiores potências nucleares, o Sipri afirma que “as perspectivas para um progresso genuíno de desarmamento nuclear permanecem pessimistas”.

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