Hoje o ocidente está sofrendo com os acontecimentos em Paris, onde dezenas de seres humanos morreram e centenas ficaram feridas.

O horror de assassinatos em massa mais uma vez atingiu a Europa e a mídia ocidental forneceu cobertura 24 horas, exibindo um único detalhe repetidas vezes, gerando nas mentes das pessoas que assistem, ouvem e leem um sentimento de desespero e impotência. Mais sinistramente a cobertura se volta para questões de religião e imigração, criando mais medo, mais desconfiança e mais insegurança.

Centenas de milhares, se não milhões, de usuários do Facebook mudaram sua imagem de perfil para sobrepor a imagem da bandeira francesa em um ato de solidariedade com o povo da França. E uma vez mais as raízes do problema são evitados e ignorado. A mídia acusa religião e refugiados, apontando para o Estado Islâmico como a raiz de todo o mal.

No entanto, aqueles de nós que lutam por justiça global têm um ponto de vista diferente. Citando a coalizão “Stop the War” (pare a guerra) do Reino Unido, “A resposta dos governos ocidentais e outras grandes potências tem sido gerar mais guerra. O presidente Hollande, da França, falou de uma guerra “sem piedade” contra o terrorismo. A idéia de que o bombardeio vai acabar com o terrorismo é refutada pela história dos últimos 14 anos. Ele já levou a um aumento da islamofobia e a ataques às liberdades civis que provavelmente teraõ como alvo os muçulmanos acima de tudo”.

Sejamos claros: estes atos de terrorismo são os resultados de 25 anos de guerras no Oriente Médio. E essas guerras são o resultado das políticas de um sistema econômico que coloca a vida humana abaixo de quase qualquer outro valor.

Então, hoje, mudar as nossas fotos de perfil para incluir uma bandeira francesa não é a resposta adequada, não importa quão bem intencionado seja o gesto, mesmo que isso possa nos fazer sentir melhor temporariamente e nos fazer sentir como se estivéssemos fazendo algo positivo, porque ontem e todos os outros dias durante os últimos 25 anos não fomos solidários com os povos do Iraque, Afeganistão, Síria, Líbia, Líbano, Israel, Palestina ou com os povos do Quênia, Nigéria, Índia, Paquistão, Eritréia, Sudão e todos os outros países do mundo onde os atos atrozes de terrorismo aconteceram todos os dias.

Hoje a resposta apropriada é perguntar de onde estão vindo essas armas e bombas? Quem está financiando estas pessoas? Quem está criando os terroristas e qual é a fonte de sua raiva e frustração?

Claro que denunciamos os assassinatos e a violência, todo ser humano com consciência denuncia estas coisas. Mas denunciar não é suficiente, mostrar solidariedade não é mais suficiente.

O que é necessário agora é uma busca e identificação dos verdadeiros culpados e para isso temos de olhar para além dos meios de comunicação ocidentais e sua manipulação da opinião pública. Precisamos olhar para o 1%, a elite global, aqueles que controlam o sistema financeiro. Precisamos olhar para o porquê da pobreza no mundo, enquanto 100 pessoas possuem 50% da riqueza do mundo. Precisamos mudar os valores da nossa sociedade e colocar o ser humano em seu lugar de direito como o valor e preocupação central.

O que é necessário agora é uma resposta que venha da não-violência ativa; uma verdadeira rebelião contra um sistema violento; uma resposta que é canalizada a partir da repugnância física que sentimos neste mundo que é tão violento.

Até que nós fazer isso, vamos continuar a ter eventos como o de Paris, e mudar as nossas fotos de perfil não fará nada para detê-lo.