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“Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”.
Assim sintetizava o poeta Fernando Pessoa o fenómeno da inspiração ou, como explicava o pensador argentino Silo, como dos espaços mentais do sagrado chega um sinal à consciência que esta traduz como uma ou mais imagens traçadoras de condutas, mobilizando o corpo para atuar no mundo.
O Vereador do Pelouro do Ambiente da Câmara Municipal do Porto confirmou, à margem da inauguração da exposição fotográfica “Jardim Imaginário – Retrato de um novo espírito comunitário”, que visitou no passado dia 7 de Novembro, que a obra vai mesmo avançar e já está adjudicada. Dessa forma, os moradores da Areosa, lugar da freguesia de Paranhos, na cidade do Porto, vão mesmo poder ter o seu espaço ajardinado de lazer, incluindo um parque infantil, num terreno municipal abandonado, que estavam a reivindicar desde há três anos.
Essa obra enquadra-se num pacote de investimentos municipais de cerca de um milhão de euros na criação e revitalização dos jardins e parques da cidade do Porto, que a respetiva Câmara Municipal havia anunciado no primeiro semestre deste ano.
Este processo torna-se, assim exemplar no que respeita à eficácia da metodologia da não-violência ativa. Na verdade, como se foi noticiando nesta agência, o coletivo denominado “Humanistas pela Não-Violência”, também conhecido como “Humanistas de Paranhos”, dinamizou uma série de ações não-violentas, criativas e diversas, para procurar mobilizar a comunidade e pressionar a Câmara Municipal do Porto no sentido de ser criado um jardim público e um parque infantil na zona da Areosa, tendo passado a chamar “Jardim Imaginário” ao terreno municipal ali existente e que era idóneo para tal efeito.
Esta reivindicação partiu da constatação da falta de infraestruturas de lazer naquela zona habitacional, especialmente dirigidas às crianças. Esta questão surge numa altura em que se começa a assistir a um movimento de regresso dos jovens ao Porto, uma cidade bastante envelhecida e que tem estado a perder população para os municípios periféricos há várias décadas. Contudo, a falta de equipamentos para a infância prejudica a atratividade da cidade para os casais jovens que se querem aí fixar. E esta problemática tem hoje importância nacional, visto que Portugal é atualmente um dos países do mundo com a mais baixa taxa de natalidade, obrigando as entidades públicas a definir estratégias de reversão deste fenómeno.