É uma boa notícia. Na última Cúpula dos BRICS foi criado o NBD – Novo Banco de Desenvolvimento. O Banco vai contar com um recurso inicial de 50 bilhões de dólares somando os aportes dos cinco países. Terá sede em Xangai e será voltado ao desenvolvimento dos países membros e também poderá auxiliar países emergentes.

É uma boa notícia diante da crise econômica atual que tem direcionado os recursos para o sistema financeiro e reduzido o comércio mundial, reduzido o crescimento das economias nacionais. Com crescimento menor, os Estados têm menos recursos para investir. O novo Banco vai prover recursos para projetos dentro dos países, tomara que para benefício das maiorias e não dos 1%.

O surgimento de um banco com recursos públicos e que não seja controlado pela iniciativa privada é muito raro e difícil. O sistema financeiro é dominado pelos bancos privados que avançam com força total para liberar uma atuação sem regras pelo mundo para sugar cada vez mais os recursos de povos, Estados, empresas e pessoas. Obviamente que a eles não interessa nenhum tipo de concorrência, ou seja, não querem que hajam outros emprestando dinheiro. Eles falam de livre concorrência porém agem para reduzir a concorrência. Mas isto é outra história.

A importância deste Banco é, em primeiro lugar, o fortalecimento de um novo polo de poder além dos EUA e Europa que dominam o FMI e o Banco Mundial. O NBD vai concorrer com essas duas organizações fornecendo recursos para projetos dos Estados. É evidente que a influência e poder das duas organizações é muito superior ao NBD, mas é um fato novo que abre uma alternativa ao custo social do dinheiro.

Pelas declarações dos presidentes o NBD não vai cobrar o altíssimo custo social que o FMI e o Banco Mundial impõem aos países que recorrem aos seus cofres. O mesmo alto custo é imposto pelo Banco Central Europeu, levando países inteiros a uma verdadeira humilhação, sendo o caso da Grécia o mais atual. Para receber os recursos, o Estado grego seguiu a “receita do dinheiro emprestado”, cortando despesas, privatizando, reduzindo direitos e jogando a sociedade na pobreza e desemprego massivos. O mesmo acontece com diversos países dentro e fora da zona do euro.

Se o NBD não cobrar o mesmo custo social sua importância será decisiva para a vida de muitas pessoas.

Para o sistema financeiro internacional, no entanto, a criação de um banco de 50 bilhões de dólares, com este volume de recursos não muda nada. O sistema financeiro gira na casa dos trilhões de dólares todos os dias.

Por outro lado, na mesma Cúpula dos BRICS foi reforçada a intenção de ampliar o comércio entre os BRICS nas moedas nacionais, sem usar o dólar. Neste caso, pelo alto volume de recursos que o comércio movimenta, o impacto é muito maior. O dólar varia e as economias nacionais são bastante afetadas. Apesar disto, as flutuações do dólar não estão relacionadas ao comércio entre dois ou cinco países.

A supremacia da moeda dos EUA reflete o poder superior deste país.

Ainda é muito difícil imaginar um mundo “multi-polar” quando todos vivemos nossas vidas sob a enorme influência de uma superpotência, não somente econômica, mas especialmente militar. Porém, já são tantos impérios e civilizações inteiras que surgiram e caíram, numa sucessão implacável ao longo da história! Será que a humanidade vai se soltar destas amarras e passar a uma etapa onde o poder estará menos concentrado? E não só no aspecto financeiro, também nos outros.