Segundo pacto firmado, serão unificadas as estruturas civis e de segurança nas duas regiões; acordo facilita encontro de doadores em outubro, no Egito

Por Opera Mundi publicado pelo Brasil de Fato

O movimento palestino Fatah e o islamita Hamas acertaram nesta quinta-feira (25/09), no Cairo, a formação de um governo de união nacional na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

O acordo, fechado sob mediação egípcia, prevê a criação de um programa político em uma fase futura. O plano estabelece também a volta do parlamento palestino e um acordo de associação política para a tomada de decisões.

Ainda segundo o pacto firmado, serão unificadas as estruturas civis e de segurança e uma comissão será criada para a reconstrução de Gaza, severamente atingida após os ataques de Israel nos últimos meses. O governo de união nacional vai supervisionar o grupo.

O texto ainda prevê que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) controle todas as passagens fronteiriças em Gaza e na Cisjordânia e “a coordenação da atuação da ANP em nível internacional, sobretudo na adesão palestina às instituições da ONU”, segundo o chefe da delegação do Fatah, Azzam al Ahmad, em entrevista coletiva após o encontro.

Em abril deste ano, o Hamas e a Organização de Libertação da Palestina (OLP), ligado ao Fatah, haviam acertado a formação de um governo de união composto por independentes, mas as duas partes começaram a entrar em conflito após os ataques israelenses a Gaza.

O Fatah acusava, por exemplo, o Hamas de ser responsável pelo não pagamento de funcionários do grupo na região (problema que foi solucionado nesta quinta-feira, de acordo com os participantes da reunião do Cairo), enquanto o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, afirmava que os islamitas não deixavam os palestinos trabalharem na área. Desde 2007, o Fatah controla Gaza, enquanto o Hamas é responsável pela Cisjordânia.

Em outubro, uma conferência de doadores será realizada no Cairo para a captação de recursos com fim à reconstrução de Gaza. Como a União Europeia e os Estados Unidos consideram o Hamas um grupo terrorista, a reunião poderia ser prejudicada caso não houvesse uma união dos dois lados.

Na mesma entrevista coletiva, o chefe da delegação do Hamas, Moussa Abu Marzuk, classificou a formação da comissão como “um passo para que os doadores internacionais confiem nos esforços da ANP para reconstruir Gaza”.