Os governos das duas maiores cidades do país e o governador de SP combinaram a redução da tarifa dos transportes para o nível anterior ao aumento. É um fato inédito, no passado recente, que governos voltem atrás por causa da pressão popular. Sem dúvida é motivo de comemoração e de esperança em novas e necessárias lutas.

Mas não vamos deixar de destacar que o empresariado que fatura alto com o negócio de ônibus urbano e também do metrô está sendo completamente indiferente à pressão popular. Nenhuma fatura é passada para eles, nenhuma associação de empresas que se juntam num cartel que garante as passagens e as licitações foi questionada pela imprensa. Ainda não foi possível apontar a lógica do sistema que protege o lucro das empresas às custas do cidadão ou do Estado que, sempre é bom lembrar, uso os recursos dos próprios cidadãos.

Os governantes das cidades que reduziram a tarifa, mais de um dezena nas últimas semanas, já fazem o anúncio chantageando a população: “investimentos serão cortados”, “impostos não serão cobrados”, isenção disto e daquilo. Mas o que fica mesmo isento é o lucro das empresas. Ou alguém duvida que é alto o lucro com o transporte público, monopolizado pelo mesmo punhado de empresas?

Trata-se de um esquema muito simples, o governante, de esquerda ou direita, é um testa de ferro, o escudo que protege as empresas e decide solitariamente que tais recursos serão retirados de investimentos. Agora poderão usar o argumento que a ação pífia do governo deve-se à falta de verbas que deixarão de ser arrecadadas pelas isenções e reduções.

Diante disso, é urgente que a democracia que está amadurecendo possa dar um passo evolutivo rumo à Democracia Real! Os recursos não são do governo, são do povo, então é o povo que deve decidir diretamente pelo seu uso. As reformas da Copa não aconteceriam com esses gastos infinitos se as populações das cidades pudessem decidir para onde esta montanha de dinheiro deveria ter ido.

Mas é motivo de comemoração ! A voz das ruas foi escutada. Os meios de comunicação pelas redes sociais, blogs, a mídia livre se fortaleceu e muito mais gente percebeu a manipulação da mídia, o uso arbitrário e ilegal do aparato popular e o poder limitado dos governantes. Viva a Democracia! Viva a luta social não violenta! Viva a sensação de poder mudar o mundo!